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ENTRE NÓS

ANDRÉ SIMÕES
COMPOSITOR "REWIND"
Entre Olhares: É interessante que a tua área de estudos atual não é cinema. Tu vens da dança?
Vasco Horta: Não, eu vim da arquitetura. Passei pelo cinema durante um ano e, por isso, não tive formação no cinema. Portanto, o filme que viram foi um bocado amador mesmo.
Entre Olhares: Mas arquiteto é sobre criar visões e construí-las...
André Simões: Sim, tens esse lado. (para o Vasco Horta)
Entre Olhares: e tu? (para André Simões)
André Simões: Eu estudei composição na Escola Superior de Música e agora estou a estudar cinema também, estou na Escola Superior de Teatro e Cinema numa segunda licenciatura.
Entre Olhares: Vocês têm algumas referências específicas (de cinema ou artísticas, em geral) que - pode não ser que sigam, mas que pelo menos vos inspirem de alguma maneira?
Vasco Horta: Sim, eu tenho uma referência que gosto bastante que é o David Lynch. É uma inspiração não só em termos plásticos, mas também de estilo de narrativa.
Entre Olhares: Foi por isso que foste um bocadinho mais pelo experimental?
Vasco Horta: Sim, pelo experimental, não é tanto pelo surreal porque não diria que o David Lynch é surrealista, mas pelo lado da pesquisa interna, da pesquisa psicológica. Foi esse o sentido.
Entre Olhares: E tu? (para o rapaz de som)
André Simões: Eu não consigo dar um nome. Também gosto muito do David Lynch e do compositor (como se chama o compositor que ele trabalha sempre?)
Vasco Horta: O Angelo Badalamenti.
André Simões: Sim, também gosto imenso. Em termos musicais, eu foco-me mais no lado eletrónico mais contemporâneo, também o filme tinha essa construção mais eletrónica e tudo mais, mas até mais abstrato do que no filme. Ou seja, o filme tem mais um lado narrativo, mais acessível, por assim dizer. Mas eu, pronto, também foi o que estudei e é o que eu mais gosto é esse lado mais experimental da música.
Entre Olhares: Isso encontra-se muito bem essa questão no filme. Vocês já se conhecem há muito tempo?
Vasco Horta e André Simões: Há algum tempo... (risos)

VASCO HORTA
REALIZADOR "REWIND"

Entre Olhares: Qual é foi a vossa curta favorita desta sessão [Curtas À Primeira Vista 2]? Podem dizer a vossa. (risos)
Vasco Horta: A minha curta favorita foi aquela curta emTrás-os-Montes...
Entre Olhares: "Musgo"? [realizado por Alexandra Guimarães e Gonçalo L. Almeida]
Vasco Horta: Sim, sim e também a curta que se passava à noite na bomba de gasolina, a "Siesta Club" [de Luís Tovar de Lemos] também estava bastante interessante.
André Simões: Sim, eu, sinceramente, ou seja, sendo que estou mais envolvido na nossa a nossa é que vou gostar mais emocionalmente, mas eu nem sequer sou bom juiz da nossa curta...
Entre Olhares: (risos) Já estás tão dentro...
André Simões: Pois, já estou tão dentro. Por isso tirando isto não é (risos) gostei imenso do Siesta Club, gostei imenso e, na verdade, dos realizadores que lá estiveram (na conversa pós-sessão) gostei imenso também daquele documentário do rapaz transgénero...
Vasco Horta: A "Flor da Pele"! [de Marie Trockau e Miguel Ribeiro]
André Simões: Gostei imenso, e aquele filme mais infantil, da Leonor [Arrimar], de animação, ["Viagem à Lua" (2021)]. Foram os que mais gostei.
Entre Olhares: Agora só para acabar muito rápido, que filme é que vocês recomendam - como aquela pessoa não pode morrer sem ver esse filme, se é que o fariam...
André Simões: Essa pergunta... (risos)Olha eu tenho já um que é o "It’s Such a Beautiful Day" (2012), que nem sequer sei o nome do realizador... [Don Hertzfeldt] Que é um filme de animação de stickmans que descobri há algum tempo.
Entre Olhares: é um filme curtinho não é?
André Simões: Sim, tem uma hora e pouco, não é muito longo, mas é belíssimo. É sobre a vida em si. É muito bonito e ver antes de morrer, não é? Para perceber um bocadinho mais sobre a vida (risos)
Entre Olhares: Tens alguma? (para Vasco Horta)
Vasco Horta: Sim, eu diria, é muito, muito injusto para todos os outros filmes, que há imensos filmes incríveis, ou seja, será sempre uma resposta muito pessoal. Mas eu acho que um conjunto de 3 filmes do David Lynch, que podemos considerar uma trilogia, que são o "Lost Highway" (1997), o "Mulholland Drive" (2001) e o "Inland Empire" (2006) que eu gosto particularmente e são filmes importantes, porque tratam precisamente dessa pesquisa interna, psicológica e até de questões mesmo transcendentes e espirituais, no fundo, perceber porque é que somos com somos e porque é que temos as emoções que temos, que é sempre um grande mistério.
Entre Olhares: E é extremamente interessante ser explorado assim...
Vasco Horta: Sim.
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